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segunda-feira, 17 de março de 2014

Regras de Queensberry ( 1867 ). Introduz o uso de Luvas no Boxe - História da Luva de Boxe - Porque usar Luva de Boxe - Em 1889, Sullivan contra Killion marcou a mudança das regras do boxe

Em 1889, Sullivan contra Killion marcou a mudança das regras do boxe


Em outro artigo, mostramos a importância dos protetores bucais para os lutadores. Diferentemente do pensamento comum, a função mais nobre deste dispositivo é a proteção do cérebro, coluna vertebral e queixo do atleta. Além do protetor bucal, há outro artifício cuja função principal é facilmente confundida até por fãs de luta. São as luvas.

As Regras de Queensberry, publicadas em 1867, introduziram o uso das luvas no boxe, dentre outras mudanças. Antes disso, os boxeadores profissionais lutavam com as mãos nuas, na época do chamado London Prize Ring Rules. A princípio, as novas regras definiam limites para a prática do boxe amador, mas, com o tempo, os profissionais na Grã Bretanha e Estados Unidos passaram também a adotá-las.

No começo, o advento das luvas não foi bem aceito entre os fãs de boxe. Eles pagavam ingressos para ver demonstrações de coragem e determinação, o que era subentendido como a capacidade de aguentar pancadas por dezenas de rounds de três minutos por um de descanso consecutivamente. Para se ter uma ideia, as esquivas e outros artifícios defensivos eram vistos como “frescura”. 

O público queria ver os lutadores subirem aos ringues para se socar por rounds indefinidos até que um caísse nocauteado definitivamente, desistisse ou a polícia interviesse.

Porém, este espetáculo da selvageria (ou de instinto primitivo puro) tinha um preço alto, impactando diretamente a qualidade do serviço prestado aos pagantes. Por lutar rounds e rounds sem proteção nas mãos, os lutadores comumente as fraturavam.

É uma questão simples: os ossos das mãos são mais frágeis do que os da cabeça. Com a sequência de impactos, era natural aparecerem fraturas múltiplas, às vezes algumas expostas.

Deste modo, era humanamente impossível manter o ritmo de golpes lançados com o passar dos rounds.

Com uma – ou ambas – as mãos fraturadas, o(s) lutador(es) acabava(m) diminuindo a quantidade de golpes e o público, sedento por sangue, ficava irritado. Portanto, algo precisava ser feito para preservar as mãos dos lutadores, possibilitando assim que estes pudessem socar mais por mais tempo. Foi assim que as luvas entraram em ação no boxe profissional – antes disso, lutas com luvas eram consideradas amadoras ou de exibição. Como diziam os aficionados na época, “coisa de frouxo”.

Dois processos criminais fizeram então com que o boxe sem luvas passasse à clandestinidade, com direito a prisão de organizadores e praticantes. A primeira luta valendo título mundial com o uso de luvas aconteceu no dia 29 de agosto de 1885, quando o americano John Lawrence Sullivan, o Garoto Forte de Boston, venceu o descendente de irlandeses Dominic McCaffrey. 

Naquela noite, ele se tornou o primeiro campeão mundial dos pesos pesados na era das luvas. 

Quatro anos mais tarde, desafiando a clandestinidade, Sullivan novamente entrou para a história como o último campeão mundial sob o London Prize Ring Rules, sem luvas. 

No dia 8 de julho de 1889, ele venceu o também americano John Joseph Killion, mais conhecido como Jake Kilrain, por nocaute no 75º round. Esta luta é considerada o marco definitivo da mudança das regras do boxe para o que conhecemos hoje.

Portanto, diferentemente do que se imagina, as luvas não foram inseridas no boxe para proteger o rosto dos praticantes, mas sim para impedir ou adiar fraturas nas mãos. Ou seja, elas foram desenvolvidas para proteger quem bate e não quem apanha.

Por Alexandre Matos


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